Publisher's Synopsis
O autor mente, mente quando diz para não termos medo, que "Papai vai cuidar de você", para então sermos jogados em um universo de abandono, de bebedeiras, verdadeira, cortante e dolorosa realidade; quando ele conta sobre o homem que diz guardar em sua carteira a foto de "sua última mulher", ou sobre a mulher que o trocou por não ser Cortázar, ou aquela que é pior, que a explicita traição, reclama do "barulho da máquina escrever". Ele descreve a pobreza, a fome e o medo, nos faz querer ganhar um pouco de dinheiro, ter um lugar para dormir à noite e um maço de Marlboro, algo barato para comer, afinal "alguém precisa alimentar os ratos", o livro se amarra como um testamento de uma decadência que não cai, mas plana acima de nossas cabeças, como chuva que não cai, mas deixa tudo úmido, transpirando pelas paredes, é complexo em sua simplicidade, "Porque o amor, para mim, sempre esteve ligado à simplicidade". É um livro frio e esfomeado, nos fazendo sempre pensar na mulher anterior, e antes dela, e o autor rindo de sua desgraça, nos deixa a chorar por ela, é como a vingança de Isabelle, ao passar sua língua profanada na boca de seu companheiro, o profana também.Miguel Marques se vinga neste trabalho com um beijo, nos lembrando de nossa própria e individualista sujeira. - L. AZEVEDO