Publisher's Synopsis
Animais irracionais alcançam seu propósito existencial apenas sobrevivendo e se multiplicando. Já animais reflexivos; "humanos", atingiram outro patamar. Não estamos mais aqui apenas para sobreviver, pois estamos cientes de que iremos morrer. Então nosso propósito passa a ser desenvolver a capacidade - real e não apenas imaginada - de "sustentar o olhar diante da morte". Disso surge a necessidade - indispensável - do questionamento filosófico ao animal humano. Daí a frase socrática: "Uma vida não questionada não vale a pena ser vivida".Temos todos que finalmente perceber que o fenômeno natural compreendido por Charles Darwin da sobrevivência apenas dos mais aptos e em maior sintonia com seu ambiente não corresponde acaso a uma ocorrência de âmbito exclusivamente biológico e terrestre, sendo o processo evolutivo algo comum a todo o Universo. A ideia de serem as entidades conscientes (no caso local, os "seres humanos") o motivo de todo o Universo existir ainda é onipresente, sendo ela implícita a todos o tipo de considerações e reflexões espirituais, tendo ela até mesmo vazado de tais domínios. Vemos o próprio Carl Sagan sugerido isso ("nós somos um modo pelo qual o Universo pode conhecer a si mesmo"). O "princípio antrópico" cosmológico, segundo o qual qualquer teoria válida sobre o Universo tem que ser consistente com a existência do ser humano, é também uma derivação disso.Tais considerações continuam a alimentar uma divisão entre nós e o Universo, permanecendo este a ser percebido como uma mera "casa"; como uma simples "coisa" a nos servir, sendo nós mesmos o único motivo de todo o descomunal Universo ter surgido. Seríamos assim, de qualquer ângulo que desejássemos observar, a peça central de todo o existir.Abandonássemos tais considerações antropocêntricas pretensiosas a respeito de nossa importância, perceberíamos então a totalidade do cosmos como o próprio "corpo" do Princípio Transcendental Criativo, realizando então que o processo evolutivo de maneira nenhuma se limita apenas a entidades biológicas, participando dele a totalidade do descomunal corpo Universal.Isso traz sérias e graves implicações para o futuro de nossa espécie. Pois podemos agora mesmo estar passando por um desses "processos evolutivos cósmicos", onde a totalidade do Universo dá simplesmente um passo adiante em sua própria evolução. Sendo esse o caso, então seriam as próprias microscópicas espécies "conscientes" a habitar eventualmente a derme de alguns mundos que teriam que se adaptar a tais mudanças no corpo cósmico, e não acaso o contrário. O Universo não estaria todo ele aqui para simplesmente "nos servir", tendo nós sim é que nos adaptarmos a ele e a sua evolução, caso queiramos continuar existindo.O Universo, como Campo de Consciência e manifestação criativa, é uma forma de arte. E a arte não é feita apenas de sucessos, mas muito mais de experimentações e fracassos. A extinção de espécies biológicas que alcançam a condição inicial dita "inteligente", portanto, longe está de ser a exceção, devendo ser mesmo a regra. Espécies que chegam a exterminar a si próprias longe se encontram de uma real condição inteligente. Portanto, tal fenômeno de autoextermínio não demonstra outra coisa senão o próprio processo seletivo natural em ação. Há obstáculos adiante. Por sermos uma espécie inteligente e por isso altamente adaptativa, simplesmente nos cegamos às graves transformações de cenário. Por isso jamais nos perceberemos vivendo o "fim de uma era", pois por pior que uma realidade vá se tornando, simplesmente nos adaptamos a ela, nos dessensibilizando em igual medida, a fim de nos isolarmos da realidade adjacente caso ainda possamos fugir dela. Mudanças radicais de paradigma jamais são bem vindas.Se falharmos, como consolo resta lembrarmos que não estamos sós nesse Campo de Consciência que é o Universo, não passando nossa espécie de u