Publisher's Synopsis
A história da vida de Jesus de Nazaré, considerado por bilhões de cristãos o Messias profetizado no Antigo Testamento da Bíblia, é talvez a mais famosa da história. Descrito em detalhes no Novo Testamento, Jesus vem de raízes divinas, mas humildes, nascido em uma manjedoura de uma jovem, mas com o tempo ele lidera um fervoroso séquito conforme contos de seus milagres se espalham pela Terra Santa.
Alguns dos detalhes são vividamente descritos e instantaneamente familiares. Jesus anuncia o iminente governo de Deus, o tempo em que o verdadeiro dono deste mundo intervirá decisivamente na história de Israel para consertar todos os erros de uma vez por todas. Ele deixa suas pegadas à beira do lago. Ele não tem sapatos, assim como a multidão de despossuídos atrás dele; ele não carrega uma bolsa de dinheiro, nem mesmo uma vara. Ele não é seguido pelos pobres, já que a maioria das pessoas aqui vive na pobreza e se ressente em todos os sentidos do processo invasivo de urbanização em grande escala que o Império Romano trouxe a Israel; ele é seguido pelos despossuídos, pelo povo que não tem mais nada, exceto suas dívidas, a carga tributária e a violência institucionalizada que tirou seus meios de vida, deixando-os sem nem mesmo um lugar para descansar. Eles evitam as estradas cheias de rebeldes armados que há anos resistem à Pax Romana, e seguem um líder que se autoproclamou Filho de Deus em todo o Império.
Claro, um aspecto central da vida de Jesus é a situação em Israel e seu conflito contínuo com Roma, que ajudou a compelir e inspirar os judeus a buscarem um salvador que os livraria de seus inimigos. O país está desmembrado e esconde renegados religiosos no deserto, esperando dentro das cavernas para a batalha final contra Roma. A efervescência apocalíptica nunca foi tão intensa em Israel como agora. Jesus fala por parábolas e as representa, e elas são compreensíveis aos ouvidos e olhos de judeus do primeiro século. Suas palavras certamente não falam de renúncia ou de uma vida futura no céu, mas de um plano, de um programa. Seus aforismos não exigem bom comportamento ou contemplação espiritual, como o de Buda. Eles falam de julgamento, primeiro, e depois da restauração de Israel, embora talvez não da maneira que seus ouvintes esperam. Ele compara seu movimento com o da mostarda, perniciosa espécie botânica que os naturalistas latinos descrevem como uma praga destruidora, pois invade terras agrícolas e atrai pássaros, destruindo assim as plantações. Ele compara o Reino de Deus com o fermento, que fica escondido dentro do pão até o momento decisivo, quando não pode mais ser ignorado. Fala preferencialmente aos mais baixos dos baixos, aos ninguéns: as prostitutas, as crianças, os leprosos e os mendigos, e pede-lhes que se preparem, vigiem e fiquem alertas aos sinais.
Mesmo alguém com um conhecimento casual da Bíblia reconhecerá o nome de Judas Iscariotes. Conhecido como o discípulo que traiu Jesus, o Messias, com um beijo, Judas se tornou sinônimo de traição e engano. O mais famoso dos apóstolos, Judas passa de verdadeiro seguidor a um traidor que aparentemente sacrifica a causa em benefício pessoal. Não é de surpreender que os nomes dos outros discípulos apareçam nos registros de nascimento de todo o mundo, exceto Judas, cujo nome ainda é associado à suspeita e até ao medo.
Nem é preciso dizer que Judas é um personagem interessante no desenvolvimento da história da salvação. Sua pessoa, seu ato de traição e até mesmo sua substituição foram preditos pelos profetas do Antigo Testamento, que alguns estudiosos da Bíblia tomam como evidência de que Judas foi condenado desde o início a ser o traidor e não teve escolha. Mas, ao olhar mais de perto a história, o leitor verá vários pontos ao longo do caminho, até o momento do beijo final, em que Jesus deu a Judas a oportunidade de se arrepender.