Publisher's Synopsis
Nas letras deste livro, o leitor vai encontrar, mais do que tudo, a coragem de uma mulher ao expor suas angústias e aflições ante a ação implacável do tempo. Trata-se das mudanças que as mulheres maduras enfrentam ao ter de encarar as consequências deixadas pela soma dos dias, principalmente as estéticas, tão cobradas pela sociedade de consumo.Nas linhas das inquietações da autora, percebe-se a vulnerabilidade da mulher, tão debatida por Simone de Beauvoir no livro "Mulher desiludida", vulnerabilidade diante de tantas cobranças e imposições de uma sociedade estritamente machista. A busca por equilíbrio e reconstrução de si mesma é outra característica bastante marcante em seu dialogar, praticamente um solilóquio que deve ter realizado ante um espelho para reconciliar-se consigo mesma e estender as mãos à sua outra parte, a real, deixando de lado a idealizada pelo olhar do outro.Percebe-se ainda entre as letras, mais precisamente por detrás das palavras, um choro silencioso de uma mãe que ainda sente os efeitos retardatários da síndrome do ninho vazio. Nota-se, neste contexto, a indiferença da vida, que segue adiante sem se importar com a dor da separação, que é bem mais forte em quem fica, pois a vida veio e fez cada um de seus três filhos seguir para um determinado canto, atendendo aos chamados do próprio destino.Envelhecer e dar-se conta da finitude é algo doloroso, e mais doloroso se torna quando, no alvorecer da velhice, uma filha se torna a mãe da própria mãe, que já trilha as pegadas do entardecer da existência. Nesse ponto, a autora sofre ao perceber, na própria mãe, a inclemência do tempo, impondo-lhe limitações sensoriais e físicas, como também sente na alma certo desamor de pessoas próximas à sua mãe, que deveriam se fazer mais presentes.Passados os dias de crise existencial, a velhice é aceita e, com isso, a autora reencontra, como disse Nietzsche, a seriedade que tinha no jogo da vida quando criança. Pois o que é o envelhecer se não o retorno da criança, que percebe com espanto as coisas e interage melhor com a natureza e com a vida? Porquanto os jovens e os adultos não sabem nem mesmo onde pisam, ludibriados pela falsa noção de que jamais envelhecerão. Tendo como base os textos da autora, podemos dizer que chegará o dia em que terão de reconciliarem-se consigo mesmos.