Publisher's Synopsis
Para muitos, tornar-se imigrante provoca uma verdadeira perturbação psicológica, bem como um período de crise de identidade e até de maturação psicológica. O exercício do direito de asilo está em crise devido à tortuosidade dos procedimentos administrativos. Ninguém contesta o controlo racional da imigração por uma burocracia que valoriza a eficácia e a racionalidade. Com efeito, a obtenção de protecção internacional é, em grande parte, uma questão de provas que cada pessoa deve fornecer e apresentar para demonstrar às autoridades administrativas a realidade, por exemplo, da perseguição sofrida. A recordação dos factos torna-se um imperativo. Quando o refugiado está traumatizado, o facto de o submeter a este processo de injunção desperta o não-memorável e a dor. E depois, que serviço psicológico para o acompanhar ou ajudar? A deriva política actual, cujo discurso induz uma exigência de prova em relação às condições traumáticas, teria a equivalência psíquica, no paciente, da necessidade de estar doente e de se manter assim. A angústia que se instala no seu corpo é aqui exacerbada pela espera ansiosa dos "papéis" porque o contexto é judicial.
