Publisher's Synopsis
Na cultura popular, o termo Neandertal é usado como insulto coloquial para alguém considerado abastardado ou estúpido. Esse parece ter sido o caso até o reconhecimento dos Neandertais como espécie. O primeiro fóssil descoberto de Neandertal foi o crânio de uma criança na Bélgica em 1829 que, posteriormente, foi gravemente danificado. Outra descoberta ocorreu em 1856 numa mina de calcário numa região Neandertal na Alemanha atual; um crânio com características distintas (indicando espécies diferentes de Neandertais) também foi descoberto pouco mais de uma década depois, no Sudoeste da França. O último seria reconhecido como um exemplo da espécie Homo Sapiens, esses humanos anatomicamente modernos chegaram à Europa entre 45-43 mil anos atrás, no mesmo período em que se acredita que os Neandertais começaram a se extinguir.
Os Neandertais são membros do gênero Homo, como o Homo sapiens, e compartilham cerca de 99,7% de seu DNA com humanos modernos (Reynolds e Gallagher 2012). Ambas as espécies até conviveram brevemente por um tempo na Eurásia. No entanto, os Neandertais evoluíram separadamente na Europa, longe dos humanos modernos que evoluíram na África. Fisicamente, o esqueleto Neandertal era muito mais robusto, sugerindo mais espaço para ligamentos musculares. No entanto, enquanto Neandertais eram mais fortes do que humanos modernos, a altura média do primeiro era menor: 1,67 metro de altura.
Outras características físicas que diferenciam os Neandertais dos humanos modernos são encontradas no crânio. Seus crânios eram, no geral, baixos e alongados e a testa, inclinada com uma elevação occipital (projeção óssea na parte de trás do crânio), enquanto humanos modernos possuem uma testa mais vertical, sem tal elevação occipital. A capacidade craniana do Neandertal também era maior do que a do homem moderno, entre 1.500 e 1.740 centímetros cúbicos; ele não tinha queixo, mas suas órbitas eram mais circulares quando em contraste com as do Homo sapiens, que possuía queixo e tendia a ter órbitas mais retangulares. (Wolpoff 1999). Apesar das diferenças, os Neandertais podem ter sido discerníveis o suficiente para interagirem com Homo sapiens ou mesmo se misturarem à eles durante os milhares de anos que conviveram na Europa.
Os Cro-Magnons eram Homo sapiens, e as características mais marcantes da espécie são os traços culturais que aparecerem nos registros arqueológicos. Ferramentas passaram a ser produzidas com diversos materiais. As pessoas viajavam por longas distâncias ou realizavam trocas para a aquisição de materiais específicos para as ferramentas. Materiais simbólicos tornavam-se cada vez mais comum entre eles; pinturas rupestres, estatuetas, contas de conchas, pingentes e até enterros eram mais comuns entre humanos modernos do que entre Neandertais, e este pensamento abstrato pode ter ajudado a espécie a obter maior sucesso em adaptações do que outros humanos contemporâneos.
Enquanto no Século 21, os cientistas podem se referir aos Cro-Magnons como os primeiros seres humanos modernos europeus, a situação não era a mesma quando restos mortais de Cro-Magnons foram descobertos pela primeira vez. Na Europa do Século 19, houve um debate nacionalista sobre onde os "primeiros" europeus teriam surgido e, a mistura entre conceitos nacionalistas e hierarquia cultural preeminentes na Europa fez da compreensão científica do papel dos Cro-Magnons dentro da evolução humana um processo lento. É necessário, portanto, olhar para a história biológica dos Cro-Magnons e para a história cultural européia antes da análise e compreensão de como restos mortais de Cro-Magnons foram vistos e usados nos últimos séculos.