Publisher's Synopsis
Enquanto actividade interpretativa do entendimento e da significacao ligada ao signo e aos seus instrumentos, como escreveu, no seu tempo, Joao de S. Tomas, a semiotica e uma area do saber muito antiga e, por isso mesmo, conviveu, em epocas e circunstancias diversas, com outros saberes, nomeadamente com a logica, a filosofia, as gramaticas, a hermeneutica, a teologia ou a propria traducao (nao tera sido a Escola de Toledo, durante o Califado Omaiada iberico, sobretudo uma escola de intersemiose?). A pesquisa da tradicao semiotica tem sido realizada por duas vias dominantes, nomeadamente, atraves da prospeccao do proprio conceito de signo (metodologia mais corrente em U. Eco) e atraves do modelo que visa uma teoria do entendimento e da significacao, tal como diversamente se tera manifestado na casa desses outros saberes (metodologia proposta por J. Deely) . Numa e noutra das vias apercebemo-nos de que a autonomizacao do saber semiotico, enquanto tal, e uma tarefa que se desenvolve lentamente entre a Renascenca e John Locke, projectando-se depois no Iluminismo e acabando por ser recebida, a partir de meados do seculo XIX, por autores fundadores que o postulam de modo ja individualizado e bastante diferenciado (C. Peirce, E. Husserl, F. Saussure, L. Hjelmslev, R. Jakobson, etc.). Contudo, a postulacao contemporanea da semiotica ja nao e, a partida, baseada em percursos tao bem conhecidos e definidos. Por isso mesmo, foi nosso proposito, ao longo deste livro e em mais do que um capitulo, dar conta da tradicao semiotica, mas apontar, ao mesmo tempo, as tendencias fundamentais e actuais que atravessam a disciplina. Fizemo-lo, na medida do possivel, com a presenca de fontes primarias traduzidas para Portugues com o objectivo de suscitar aos leitores, num possivel discurso directo (coisa que G. Deleuze diz nao existir), a discussao intima da teia semiotica."