Publisher's Synopsis
Depressa! - dizia ele - porque os corregos, rapidos e caudais, desciam das montanhas para o pobre regato que, ha pouco, se escondia entre salgueirais, a cem passos do castelo. A passagem era a que ainda hoje tem: algumas poldras resvaladicas, vidradas, com dois palmos a superficie da agua. Depressa! porque, em cinco minutos, o passadico incerto e perigoso viria a corrente absorve-lo. E galopavam, galopavam por aquele terreno brejoso, e cavado de lorgas e abismos. Os bulcoes de ventanias contrarias brincavam com as nuvens, impeliam-nas de um para outro cabeco das montanhas, fendiam-nas umas contra o seio das outras, e os bagos de chuva glacial, e frigida, cortavam a face enregelada de D. Ines. - Conde!... - Ines!... Nao podes sofrer tanto... Nao e assim, minha querida!?... - Posso... que ainda vivo... Tenho medo de cair... mas... depressa, depressa! E galopavam, galopavam, porque, a cem passos, o relampago do Sul tingia do seu clarao funebre os balcoes e as quadrelas do castelo, cujas seteiras dir-se-iam gargantas enormes desse monstro de pedra, soprando os furacoes da tempestade!